terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

The Kings of Christian Rock (Hallelujah)

Ora, esta história está mesmo(!) desactualizada, contudo, somente hoje tomei conhecimento dela, portanto garanto-vos que a minha indignação é realmente actual...

Era uma vez no Mundo do "Metal Pesado"...

...Uma grande besta chamada Dave Mustaine, que ganhava a vidinha como líder dos Megadeth. Esta amorosa banda construiu o seu nome na segunda metade dos anos oitenta e viria a conhecer um tremendo pico de popularidade durante os aos noventa. No entanto, como tudo na vida, nada dura para sempre, e no final de século lá começaram a sentir aquelas dificuldades do costume para este tipo de grupos. Músicos despedidos e contratados em catadupa, problemas com substâncias ilícitas e em última instância o término da banda (pelos menos durante alguns meses enquanto durava a reabilitação). Depois de tão atribulados anos, eis que surge um Dave Mustaine totalmente recuperado e desta vez em versão "newborn christian". Ninguém ficou muito surpreendido, pois afinal de contas ele é um americano, e todos nós sabemos o que isso pode fazer a uma pessoa... E actualmente, lá anda o nosso amigo cheio de convicções cristãs a tentar recuperar alguma glória do passado. O feitiozinho de merda continua o mesmo, mas como o pio senhor de quando em vez consegue fazer uma música menos má, o pessoal lá lhe vai perdoando...

Por sua vez, enquanto os Megadeth enchiam arenas durante a década de noventa, no outro lado do atlântico, mais precisamente na Grécia, uma banda underground esfolava-se para conseguir algum reconhecimento, banda essa que dava pelo polémico nome de "Rotting Christ". Como podem adivinhar com nome um de tal forma encantador, os R.C. estavam condenados a gerar controvérsia, quer quisessem quer não. A prova disso mesmo ocorreu a meio de uma digressão em território Americano, quando um sábio e respeitado senador se insurgiu contar a pequena banda, acusando-os de satanismo e outros afins deveras divertidos, e que terminou com a banda a cancelar várias datas da digressão. O mais irónico do meio de tudo isto é que, ao contrário de muitas outras de bandas de metal, os R.C. não tinham uma temática satânica, preferindo produzir letras abstractas que nada têm a ver com religião. Com muito esforço e suor estes músicos gregos lá alcançaram um dos mais difíceis objectivos de qualquer banda underground: conseguiram um contrato discográfico extenso e, graças à sua originalidade e singularidade, tornaram-se num dos grupos emblemáticos do metal europeu (pode-se dizer que se viram gregos para lá chegar). Resta então a pergunta: e que relação há entre os dois?

Pois bem, no ano de 2005 Megadeth agendaram um concerto em Atenas, e como é costume neste género de eventos, para a abertura das hostilidades escolhe-se uma banda nacional de renome. Resultado: convidaram-se os R.C. Estava tudo bem preparadinho para um agradável serão de música reconfortante, quando, para surpresa de tudo e de todos, o menino Mustaine informa os promotores que os Megadeth não actuarão nessa noite, caso os R.C. sejam a banda de abertura. Ao que parece o Sr. Mustaine é uma pessoa de forte fibra moral e um tal espectáculo seria uma agravada ofensa as suas elevadíssimas crenças cristãs... E qual foi a consequência disto? Mandou-se o peixe graúdo para casa e deixaram o menino Mustaine ficar com o doce.

Era exactamente o que Mundo mais precisava, mais um falso moralista com ares de grandeza... Pior do que esta tendência dos americanos de se tornarem devotos quando a vida vai mal (independentemente de se terem 'tado a cagar para isso uma vida inteira!), é esta imagem de superioridade que lhes permite apontar o dedo e julgar os outros. Por sua vez, o Dave Mustaine pode ter sido um headbanger durante uma parte da sua carreira, mas daqui para a frente será apenas aquilo que sempre foi: uma besta!