segunda-feira, 23 de março de 2009

Trevas Primordiais

Como uma torrente de lava negra que tudo abarca...

Esqueço-me deles, recalco-os, e desejo-os com todo o meu ser. São os abismos que clamam por mim. Na mais pura escuridão abandono-me na força invisível sinónima de ignição, na pérfida penitência que convida ao almejado tormento...o catalisador acutilante de uma superior forma de sofrimento.

Como uma torrente de lava negra que tudo profana...

A fenda negra absorve os pensamentos e entorpece os nervos. Dilacerado por dentro, os meus olhos toldam-se de fascínio niilista que vêem na absoluta descrença o mais elevado e pernicioso dogma. O abismo expande-se e toma conta de mim...desta vez nada ficará por mortificar.

Como uma torrente de lava negra que tudo extermina...

O vórtice de entropia anuncia a arcaica escravatura: o fado primordial. Encoberto pelo extâse, lanço-me ao desespero, renuncio à redenção e encontro-me a mim mesmo.

Como uma torrente de ardor que tudo consome...

domingo, 22 de março de 2009

Fuel for Hatred

Sua Santidade o Papa Bento XVI toma assento no seu trono e diz que os homossexuais são pessoas doentes e pecadoras.

Sua Santidade o Papa Bento XVI desce do seu pedestal e afirma que as almas por baptizar irão certamente arder no inferno.

Sua Santidade o Papa Bento XVI ergue-se no seu sagrado púlpito e ordena cardeal um padre britânico que duvida do Holocausto.

Sua Santidade o Papa Bento XVI digna-se a viajar a África e declara que a calamidade da SIDA não se combate através do uso do preservativo.

Sua Santidade o Papa Bento XVI é uma besta de merda...

Lest we remember

Há noites que marcam, que nos tocam de uma forma da qual não nos podemos dar ao luxo de esquecer. Noites em que tudo se aproxima e se conjuga da melhor das formas em circunstâncias quase oníricas. Desta, farei por reter em mim aquelas animadoras e incisivas palavras que absorveram tudo por completo, fazendo com que uma refeição acabasse (mais uma vez) totalmente desprezada. Porém, de outra forma não poderia ter sido, pois "aquela menina de olhos castanhos" terá sempre um dom especial para cativar a minha atenção. Após tão acalentado inicio de noite, que valeu apenas pela companhia, seguiu-se o sôfrego, ansiado e estupidamente adiado reencontro. Nada comove mais do relembrar saudades e nada sabe melhor do que matá-las de uma vez. Foi avassalador e o mais incrível foi não ter acordado de nenhum sonho. Para meu gáudio voltei finalmente a abraçá-la e apercebi-me de que nada havia mudado, estava ainda lá tudo: a mesma conversa, o mesmo sorriso, a mesma intimidade... que saudades... Ainda meio zonzo, dou por mim a caminho de um concerto que se antevia memorável, não fosse este um serão a cargo dos irredutíveis Dazkarieh, a prova viva de que há esperança para a música lusófona, sem que para isso haja necessidade de delírios de grandeza. Melhor do que os sons hipnotizantes que aconchegavam a atmosfera, era o prazer que sentia em partilhar tal momento com duas pessoas tão especiais. Finda-se o concerto e sobra tempo para uma bebida fresquinha à base de malte e cevada cujo o nome permanecerá uma incógnita, e lá se arrasta cada um de regresso a casa, mas no meu caso com o espírito por demais saciado.

Para a C. - É magnífico voltar a ter-te. Não esquecerei a nossa promessa...