terça-feira, 29 de julho de 2008

O Divino Marquês - ostentar o deboche

"Que toda a Mãe prescreva à sua filha a leitura desta obra."
-Donatien Alphonse de S. , in: "La Philosophie Dans le Boudoir"

Foi no ano de 1795 que o Divino Marquês conseguiu publicar clandestinamente a sua famosa peça de teatro "A Filosofia na Alcova". Uma obra de puro encanto e maravilha onde nos é relatada a história da doce Eugénia. Uma virginal e encantadora menina proveniente de uma honrosa família de bem, tendo sido educada sob os mais estritos príncipios da moral e da virtude. Contudo, por detrás de portas familiares e de paredes conspiradoras, três esfomeados libertinos, cujas vidas foram dedicadas ao mais pervertido deboche e volúpia, preparam-se para revelar à terna menina todos os viciosos prazeres que advêm da mais pura e pérfida perversão...

Num desses arrebatadores episódios o professor Dolmancé, em toda a sua glória, explica carinhosamente à sua adorável aluna:

"(...) ostentai deboche e libertinagem; fazei questão de vos mostrardes pega, deixai que vos vejam o seio; se fordes com essas pessoas a lugares secretos, arregaçai o fato de forma indecente; deixai, com afectação, que vos vejam as partes mais secretas do vosso corpo; exigi-lhes que a vós vos mostrem o mesmo; seduzi-as, censurai-as, fazei-lhes ver o rídiculo dos seus preconceitos; metei-lhes no corpo aquilo a que se chama maldade; dizei na frente delas palavrões como dizem os homens; se forem mais jovens que vós, agarrai nelas à força, diverti-vos com elas e corrompei-as, com exemplos, com conselhos, com tudo o que possais imaginar, ou seja, o que for mais próprio para as perverter. Com os homens sede extremamente livre; ostentai irreligião e despudor na sua presença; longe de vos atemorizardes com as liberdades que eles tomarem, sede vós a oferecer-lhes misteriosamente tudo aquilo que possa diverti-los sem vos comprometerdes; deixai que vos apalpem, fazei-lhes punhetas, fazei com que vo-las façam; ide mesmo ao ponto de lhes dardes o cu; mas como a quimérica honra das mulheres está dependente das suas primícias anteriores, nesse ponto mostrai-vos difícil. Uma vez casada, tomai lacaios em vez de amantes ou pagai a homens da vossa confiança: a partir desse momento tudo ficará encoberto; deixará de haver prejuízos para a vossa reputação e, sem ninguém suspeitar, encontrastes a arte de fazer tudo o que vos agradou."

Indubitavelmente uma valiosa lição...

domingo, 27 de julho de 2008

Avante Camarada! (mas só depois do cafezinho, ok?)

Já por várias vezes que certos amigos e amigas minhas, intrigados com um certo interesse da minha parte por história e iconografia soviéticas, me terão colocado a seguinte questão com variável nível de ansiedade: "Ó minha besta! 'Atão mas afinal tu és comunista ou não?!"

Uma pergunta a qual eu sempre respondo "não". Já li Karl Marx por pura curiosidade, assim como li Lenin por mero interesse. Concordei com algumas coisas, discordei de outras, mas no fundo aquilo que eu mais prezei foi o conhecimento adquirido. Admito que a era soviética sempre despertou em mim um grande interesse, mas nunca vi qualquer necessidade de elevar um hobby para o plano ideológico. Contudo, e nunca esquecendo o anterior, confesso que existem três dias por ano em que tendo a simpatizar com a mencionada ideologia política. E o que poderá porventura provocar tão injustificada simpatia?, indagar-se-á o esclarecido leitor. Bem, o motivo é tudo menos erudito, pois a minha temporária pseudo militância deve-se, nada mais nada menos do que a uma soberba festa de tons vermelhos na zona da Atalaia no Seixal.

Dito isto, gostaria de partilhar convosco um pequena recordação que trouxe dessa festa no ano passado. Tendo em conta o passado da minha família, posso dizer que sei perfeitamente o que é a militância política: o meu mui estimado Pai, para além ter sido um apoiante do MRPP(!) no pós 25 de Abril, foi também durante alguns anos um sindicalista activo. Portanto, repita-se, eu sei o que é a militância política e acreditem que não tem nada a ver com isto:
P.S.: Acho que a mensagem lhes passou um bocado ao lado...O pobre Álvaro Cunhal deve andar às voltas na campa com esta!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Nur eine kleine Erinnerung


Porquê há comentários tão bons que até merecem um post só por si, deixo-vos esta pequena pérola:

"Prontos ta bem, essa merda até ta fixe, a cena do lobo no frio cheio de neve e o caneco até invoca umas cenas de verdadeiro macho rijo e...macho...e outra vez rijo pronto! Apesar de um blog por si so ser assim uma cena um bocado abixanada, mas, pronto como tu puseste la o lobo ate escapa. Podias era por o lobo a estraçalhar uma carcaça de um coelhinho branco (que as gajas acham tão fofinho) cheio de sangue e tripas. Então terias um blog digno de um verdadeiro lobo das estepes, ou o raio de nome que tu lhe das?!"

Na falta de um coelhinho fofinho, e não querendo de forma alguma ser "abixanado", dedico esta adorável fotografia a um excelente amigo.

(Um abraço, ó chóriço!)

Vozes da Razão Pt.1

Dizia-me assim uma amiga com feições de menina e plena em sinceridade:

"As religiões são como os partidos políticos, não fazem mais nada nada senão prometer. A diferença é que aquilo que as religiões prometem só se pode constatar depois de já cá não estarmos..."

Se me é permitido um breve comentário: Bardamerda!! Assim também eu...

sábado, 19 de julho de 2008

Keine Lust

No outro dia não consegui apreciar o meu café por causa do calor. Fiquei fodido. Não gosto que se metam entre mim o meu café. É uma relação muito especial, percebem...

Could you tell me the way to Sweden..?

No pico do Inverno ouvimos frequentemente as pessoas dizer: "Nunca mais chega o Verão para irmos para a praia...". É verdade, o Verão é realmente uma maravilha! Só é peninha que esses fabulosos e tão aguardados dias de praia se resumam a uns diazinhos de férias...Mas não faz mal, nós não nos importamos minimamente com os transportes públicos com efeito de sauna e a cheirar a sovaquinho, muito menos notamos as agradáveis tardes com uma brisa tão fresca como um tubo de escape, e nem queremos saber da contínua transpiração que não nos deixa dormir de noite. Tudo isso são ninharias, o Verão é que é bom! Ainda para mais, mesmo se estivermos a trabalhar sempre podemos fazer uns belíssimos dias de praia ao fim-de-semana. Existe alguma coisa melhor do que passar um par de horas à torreira do sol numa fila de trânsito? E isto para não falar das facilidades de estacionamento, que de forma alguma nos mói a paciência, e no incrível à vontade com que podemos estar em praias com tão pouca gente. Ai o Verão! É tão bom não é? Faz-me pensar em vistos de residência Suecos...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Somewhere Back In Time

As férias aproximavam-se do fim, mas o espírito não se entristecia, a volta ao trabalho não é nenhum martírio e um último trunfo estava ainda por jogar, um trunfo de ferro que duraria um dia inteiro. A jornada em si iniciou-se com um bom e sincero amigo e um café de qualidade superior, uma combinação que só por si já me deixaria feliz para o resto do dia, não fosse o quadro melhorar ainda mais com a chegada do meu companheiro de outras tantas jornadas. A tarde ia de vento em popa quando nos foi confirmado que seríamos escoltados até ao nosso destino por quatro meninas que nos prometiam passagens mais acessíveis, sem que de nada de indecoroso se tratasse...claro está. Ao longo de um trajecto percorrido ao som de acordeões e guitarras eléctricas, e com uma abundância de piadas de gosto mais duvidoso, o vosso fiel condutor deu por si a passar o módico número de três semáforos de cor verde tinto. Há que ter em conta que perder de vista a nossa agradável escolta seria um tanto ou quanto infeliz, contudo ficou a pairar a dúvida:"Será que tal ímpeto é de facto necessário?" - creio que alguém aprovou condecorosamente o meu empenho....

Terminada a viagem e transaccionadas as passagens, às quais o vosso fiel amigo não conseguiu ter acesso, sem que isso lhe afectasse minimamente a sua boa disposição, procedeu-se à entrada no aguardado evento que aos poucos juntava uma multidão agradavelmente heterógenea. Porém restava ainda uma surpresa: quais as probabilidades de encontrar uma pessoa no meio de uma multidão em menos de trinta segundos e com um único telefonema? Eu diria extremamente reduzidas, no entanto, foi exactamente isso que aconteceu. Desta vez o meu amigo de farta cabeleira, e ainda com direito a abraço, tais eram as saudades.

Dentro do recinto marcaram-se as posições e dispersou-se o grupo, amigo não empata amigo, ainda para mais quando são todos veteranos nestas andanças. As hostilidades começaram com um projecto a solo de uma menina de nome Lauren Harris. Devo confessar de que se tratava de um heavy metal um pouco lá-lá-lá, mas ainda assim uma boa forma de começar. Do espectáculo em si aquilo que reti foi a imagem da dita menina a correr descalça em palco...porquê será que isto me ficou na cabeça..? Após uma curta pausa sobe ao palco uma banda americana de metal americano e como não podia deixar de ser, com todas as tendências irritantes do decrépito metal americano actual. Imaginem um riff de guitarra poderoso, acompanhado de um ritmo frenético, e de repente!, seguido da melodia mais lamechas, e como se não bastasse, cantada da forma mais gay possível. Pelo menos sempre deu para algumas gargalhadas com o meu sincero amigo.

Finalmente à sombra e com uma multidão realmente composta, aguardava-se a chegada de outra banda americana, mas desta vez à moda antiga. Escreva-se na pedra: "seja onde for que os Slayer toquem, haverá desordem e caos", tal como ficou comprovado ao longo de uma hora de ruído infernal. Quanto ao espectáculo, uns dirão que foi bom, outros dirão que foi óptimo, mas eu simplesmente digo: qualquer concerto onde uma multidão grite em uníssono maravilhas como "Chemical Warfare" ou "Hell Awaits" dar-me-á sempre um grande prazer pelos melhores motivos.

Passado o furacão, e recarregadas as baterias com cerveja abundante e comida pouco saudável, chega o momento mais esperado da noite. A multidão aperta-se, os ânimos sobem quando as luzes de presença do palco se apagam. Sente-se a expectativa a crescer, a ansiedade a acumular. Então, de repente, ouvem-se os primeiros acordes de "Aces High", as luzes acendem-se, a banda entra em toda a força, e a electricidade corre pelo ar e propaga-se a todo o público. Ninguém está quieto, ninguém está calado, não é o inicio de nenhum desastre, são apenas os "Iron Maiden" a fazer aquilo que eles fazem melhor. Qualquer réstia de energia que ainda sobrasse no meu corpo foi-me retirada com um soberbo concerto de quase duas horas, e foi meio surdo e afónico que me arrastei até a um muito necessitado hamburguer nojento.

Contudo, assim que dei de caras com ela, apercebi-em que ainda me restavam forças para um sentido abraço à minha/nossa Maria, a jovialidade em pessoa, e uma menina que eu já não via à demasiado tempo. Feitas as despedidas em vários sentidos, restaram apenas aqueles que começaram, um belíssimo grupo não haja dúvidas. Juntos ainda tentámos ver o concerto dos velhotes "Rose Tattoo", mas as forças já não eram as mesmas. Restou-nos um caminho de regresso a casa com as habituais piadas de gosto duvidoso, e desta vez ao som de uma rádio daquelas muito gentis.

Fica a música, fica a amizade, e fica acima de tudo a prova de que sempre que houver ondas sonoras electrificadas e amplificadas no éter, um certo grupo tonhós acabará sempre por se juntar....

terça-feira, 8 de julho de 2008

O Divino Marquês - afrontas anais

Mui caríssimos leitores,
uma vez que o vosso fiel amigo se encontra presentemente a desfrutar de umas curtas e deveras merecidas férias, foi com prazer que pude finalmente revisitar alguns recantos mais poeirentos e esquecidos da minha despretensiosa biblioteca. Destas breves e prazenteiras incursões por páginas passadas, decidi partilhar convosco um excerto de uma das muitas cartas endereçadas pelo divino marquês a senhora sua esposa. Rodeado por paredes encarceradoras, escrevia assim um espiríto indomável e revoltado com as acusações que sobre ele pendiam:

"Mas tudo tolera, esta polícia; só não tolera injúrias feitas a putas. Uma pessoa pode confessar-se culpada de todos os abusos e infâmias possíveis, desde que respeite o cu das putas: é essa a questão essencial e afinal bem simples - as putas pagam-lhes e nós não. Se calhar vai ser preciso, quando daqui sair, pôr-me sob a protecção da polícia: tal como as putas também eu tenho um cu e gostaria muito que mo respeitassem. Darei disso conta ao senhor Fouloiseau, que poderá mesmo beijá-lo, caso queira. Estou certo de que, enternecido por tal propósito, não deixará de me incluir na lista dos protegidos pela polícia." (Vincennes, Junho de 1783)

Não pretendo com tal arremesso menosprezar de qualquer forma o cu das putas, que será certamente um bem bastante cobiçado por inúmeros puristas evangélicos, contudo, não me é possível deixar de considerar injusto o facto de os beatos que com tanto vigor apontavam o dedo ao divino marquês, serem muito provavelmente ávidos praticantes do catolicismo ginecológico, que tão em voga estava na França de então.

domingo, 6 de julho de 2008

Melhor do que o vinho do Porto!!!

É verdade meus amigos... estive lá, vi e comprovei! Estes senhores são os MAIORES CARAGO!!!













Um concerto memorável e cheio de boa disposição por parte de uma banda em grande forma e detentora de uma química espectacular. Não deixa de ser impressionante a forma como estes senhores, que já contam com uma carreira com quase 40 anos, deram uma autêntica "abada" a bandas muito mais novas, no que toca a presença e dinâmica em palco. Assim se vê quem são os verdadeiros Mestres!

P.S. Fica aqui também uma palavra de agradecimento à encantadora menina que se deu ao trabalho de tirar estas e outras grandes fotos do concerto.