domingo, 29 de junho de 2008

Nem uma no cravo

Ainda há poucos dias estava o vosso fiel amigo numa das suas habituais sessões de zapping, constantemente em busca de algo que se assemelha mais a uma miragem do que a um tecido palpável da realidade, quando ao passar por um dos inúmeros e aborrecidos noticiários dou de caras com um fantasma do passado, daqueles que para mal dos nosso pecados insiste em não morrer. Devo dizer que o reconheci de imediato pois uma tal face de aldrabão é difícil de esquecer. A personagem a que me refiro dá pelo pomposo nome de Vale e Azevedo, homem de porte seguro, jeito desembaraçado e portador dos olhos mais mentirosos que alguma vez tive oportunidade de ver. Da entrevista que então decorria, não me lembra grande coisa, tão ocupado que estava com a minha merecida refeição. Contudo ouve certas frases que me ficaram na cabeça, tais como:

-"Eu não fugi para a Inglaterra."
-"Não acho bem que iniciem outro processo contra mim logo assim que saio da prisão."
-"Têm feito de mim um bode expiatório."

Não haja dúvida, o dito senhor é realmente uma vítima. Daqui para frente vou a passar a ter todo o cuidado para não ficar com o dinheiro dos outros e para não infringir nenhuma lei, não vão eles também querer vitimizar-me...

sábado, 28 de junho de 2008

Once upon a time in Texas...

Uma altura houve em que o Texas era um sítio fenomenal. Nesses tempos os "Tres Hombres" eram reis e senhores, e um certo e determinado canal de televisão, que então ainda era inocente e inofensivo, inundava as nossas salas de estar com os seus vídeos de memorável mau gosto estético. Porém não havia a mínima preocupação com isso, estes três mestres da música eram assumidamente imunes à moda e não tinham qualquer intenção de se tornar algo que nunca foram em toda a sua carreira: produtos de marketing ou banda da moda. Pouco lhes importava se os outros os ridicularizavam, pois não havia um único clube ou bar em todo o Texas que não ficasse totalmente lotado com a suas presenças, nem um único bordel que não ficasse ansioso pela próxima visita. Contudo, o sucesso de que desfrutaram ao longo dos anos 80 não foi obra do acaso, pois esta banda começou a dar os primeiros passos no início dos anos 70. Quando o então canal de televisão (hoje em dia, destruidor de mentes juvenis) conhecido como MTV deu a conhecer a todo o mundo a incrível sonoridade destes texanos, já eles eram músicos com uma carreira consolidada e sem nada a provar a ninguém. Essa terá sido provavelmente a razão pela qual eles pouco queriam saber se eram "foleiros" ou não:"Isto é o que nós fazemos, os miúdos que se preocupem em ser famosos", poderiam eles muito bem dizer.

É por isto, e muito mais, que enquanto os outros vêem três texanos a fazer figura de parvo, eu vejo três indivíduos que se estão pouco nas tintas para o que os outros acham; e enquanto os outros vêem foleirice e mau gosto, eu vejo sinceridade e honestidade: eles são aquilo que são e nada mais. E se assim não fosse eles não seriam a melhor coisa que alguma vez saiu do Texas. Quanto ao seu nome...bem, digamos que a inspiração veio de B.B. King.

P.S.: Se os americanos queriam à força um texano na casa branca, pergunto-me se o Billy Gibbons (na foto) não teria sido a melhor escolha.

-"You wanna blow your top?"
-"But I ain't got no top to blow..."
-"Then you gotta blow what you got honey.." (B.Gibbons)

domingo, 22 de junho de 2008

Momentos...




Porque há momentos que vale a pena recordar:


Uma típica cidade remota num recanto esquecido do velho oeste. Chove a cantâros, e a areia que normalmente enche de poeira os pulmões dos habitantes, dá agora lugar a lama e poças bafientas. Parte da população refugia-se no velho e fumarento salão, onde um rolo de cartão gasto faz o abandonado piano tocar sozinho; uma música artificial e ironicamente alegre enche a atmosfera já pesada. Um grupo de mineiros com poucas razões para viver tentam infrutíferamente afogar as suas mágoas com whisky barato e mal destilado. À sua volta, uma mão cheia de prostitutas infectadas com sífilis tentam libertar homens pesarosos e embriagados dos seus último dólares. Indiferentes a tudo isto, um punhado de indíviduos sentados em redor de uma mesa, trocam cartas num jogo de póquer, ensaiando o bluff com uma arma carregada no coldre por baixo da mesa. A chuva intensa a bater no soalho exterior não deixa ouvir o sons das esporas do estranho que se aproxima. Despercebido ele aproxima-se da entrada, apoia os cotovelos sobre as portas de mola do salão e acende a cigarrilha que a chuva lhe negou. Por debaixo do seu chapéu ele procura algo que não demora muito a encontrar. As portas afastam-se e ressoam uma contra a outra enquanto o barulho das suas esporas ecoam até ao centro do salão. Ele é um homem sem nome, as pessoas interrogam-se se ele alguma vez o teve, mas a verdade é que ele nunca precisou de um. As tristes desculpas para seres humanos que se encontram no antro infestado nem sequer dão conta do homem sem nome, tão ocupados que estão a morrer lentamente. O homem sem nome aproxima-se da mesa de jogadores sem nunca erguer o olhar. Os jogadores interrompem o seu vício e observam-no com surpresa, mas um em particular olha-o com um misto de indignação e ultraje. Sem proferir uma palavra o homem sem nome recolhe o baralho, e devolvendo um olhar de desprezo, começa a dar as cartas, para si mesmo e para o singular jogador. Nesta altura o jogador de póquer assume uma máscara de raiva e desafio. Os seus companheiros de jogo abandonam a mesa sem sequer tentar disfarçar, os ratos são mestres na arte da sobrevivência. As cartas estão dadas, os dois homens entreolham-se durante segundos, até que o jogador de póquer, vendo o homem especado à sua frente como um futuro cadáver, decide alinhar na brincadeira apenas para fazer uma última vontade ao incauto e ingénuo pedaço de merda que insiste em morrer. O jogador troca três cartas, o homem sem nome duas, o primeiro lança as suas cartas sobre a mesa: um par miserável. O homem sem nome segue o seu exemplo e revela uma fraquíssima tripla. Farto, cansado e com vontade de puxar o gatilho, o jogador de póquer finalmente pergunta:
-O que estávamos a apostar?
O homem sem nome muda a cigarrilha para o outro canto da boca:
-A tua vida...

A palavras para quê?!
("For a Few Dollars More", de Sergio Leone, com Clint Eastwood)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

The Germans are coming!!

Num mundo cada vez mais globalizado, onde os povos e nações se tendem a aproximar cada vez mais uns dos outros, velhas barreiras como os estereótipos vão sendo gradualmente derrubadas à medida que conhecemos os "outros" cada vez melhor, e nos apercebemos que é ridículo catalogar os "outros" com base em ideias pré-concebidas e redutoras.

Para melhor exemplificar aquilo a que me acabei de referir, gostaria de citar um comentário extremamente cosmopolita e esclarecido proferido pelo comentador da TVI para o jogo Portugal-Alemanha, durante uma altura do jogo em que a equipa nórdica se encontrava totalmente à defesa:

"Como se pode ver a equipa alemã claramente entrincheirada..."

Lindo!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Dumb All Over

Ora aqui vai um pequeno e castiço pseudo poema, que na minha mui humilde opinião muito revela acerca do actual estado do nosso planeta...

"Well, my toillet went crazy yesterday afternoon,
the plummer, he said, 'never flush a tampoon'.
It's great information, cost me half a week's pay,
and the toillet blew up latter on the next day..."
-F. Zappa

P.S. : Tenho mesmo de deixar as drogas...!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Mas porque raio é que eu gosto disto??!!

Muita gente não está familiarizada com o mundo do Black Metal, o que é perfeitamente natural pois o ser humano tem um instinto inato de auto-preservação (o que incluí a boa saúde dos tímpanos...), contudo tenho de admitir a existência de uma certa banda do mencionado género que insiste em não sair do meu leitor de MP3: refiro-me acanhadamente a uma banda norueguesa (mas que surpresa, hã?!!) que dá pelo poético nome de "Carpathian Forest".

Perguntar-se-á então o leitor, porque me deveria eu acanhar face a um mero gosto pessoal? Ora bem , por onde é que eu hei-de começar...?

Em primeiro lugar os Carpathian Forest são provavelmente uma das bandas menos originais que eu já ouvi, funciona tudo à moda antiga e não se inova um bocadinho que seja (feitiozinho de merda, não?). Depois há que mencionar a perícia com que tocam os seus instrumentos, que é... menos má (isto foi um elogio). Por último, uma das características que me chamou logo a atenção é a demonstração de puro domínio linguístico da língua inglesa por parte do Sr. Nattfrost , vocalista e líder da banda, que gosta de se apresentar com o cognome "Hell Comander" (genial não é?). Para demonstrar isso mesmo vejamos um excerto da letra da colorida música "the angel and the sodomizer" do virtuoso e progressivo albúm "We're going to hell for this":

"Gather the hordes of Hell. / Gangbang Virgin Mary. / 666 Seconds in Hell. / Destination Death."

Para além da fantástica complexidade frásica, é de notar a espectacular coesão semântica e encadeamento entre frases, que, diga-se, faz todo o sentido. Mas...sinceramente... "gangbang virgin mary"???, como é que o homem se lembra destas merdas?? E isto não fica por aqui! Digam-me, como é que poderemos alguma dia racionalizar uma música com o nome "Bloody Fucking Necro Hell"?? Eu não estou a gozar, esta música existe e faz parte do mesmo álbum...

Mas a verdade é as porcarias que eles arrancam dos instrumentos têm muita piada. É como um filme do Steven Seagel: é tão, mas tão mau, que chega a ser bom. No fundo, confesso é que a música destes senhores me deixa deveras bem disposto. E isso é tudo o que me interessa. Quanto ao facto de eu andar constantemente a gozar com eles, só tenho um comentário a fazer: entre a minha colecção de originais, encontra-se um álbum de Carpathian Forest, e tendo em conta que paguei por ele, não vou ser eu o último a rir...

-"I sodomize!", by Nattfrost

What is Sexy...?

Já por várias vezes me perguntei a mim próprio o que será afinal essa história do sexy. Toda a puta do santo dia somos massacrados, a partir de tudo o que é meio de comunicação, com sugestões directas e indirectas que nos querem forçar a aceitar algo que alguém, algures e de alguma forma achou que deveria ser o "sexy". Longe de mim querer desiludir quem quer que seja, muito menos os tão respeitáveis e sinceros departamentos de marketing que apenas querem o nosso melhor, evitando sempre qualquer tipo de manipulação (abençoados sejam...).

MAS...
...tenho de admitir uma coisa. Para mim uma mulher que parece feita de plástico não é sexy, uma mulher que mete pázadas de porcaria na cara também não é sexy, e acima de tudo, uma mulher que nada mais tem para mostrar para além do aspecto físico não é definitivamente sexy.

Desta forma, o curioso e atento leitor poderá indagar-se: "Oh meu animal! Tendo em conta que acabaste de excluir 90% do gajedo que nos aparece na televisão e nas revistas, será que tu, que tens a mania, nos poderias dizer afinal de contas o que é essa porcaria do "sexy"?"

Bom...respostas categóricas não há... Porém, posso dizer que para mim, sexy é uma mulher com garra e determinação suficientes para dominar uma máquina que ultrapassa os 300km/h, e suportar horas de força G intensa sobre o corpo; sexy é uma mulher com talento para vencer num meio que lhe é adverso... Senhoras e senhores, a primeira mulher a liderar as 500 milhas de Indianápolis e a vencer uma corrida da Indy Series, a grande Danica Patrick:



terça-feira, 10 de junho de 2008

Do meu próprio veneno...

Ainda no outro dia ia eu, como de costume constrangedoramente atrasado, a caminho do seminário da amável professora Clotilde, preocupado com o facto de não ter o meu trabalho pronto para entregar e a ponderar sobre qual a melhor maneira de informar a professora, quando dou com a minha turma já fora da sala, e a dita professora a arrumar os seus pertences. Apanhado de surpresa dirijo-me a uma colega de modos discretos e olhar encantador:
-Então mas afinal o que se passa? - pergunto eu deveras curioso.
A minha estimada colega olha para mim com o ar mais sóbrio do mundo e diz em tom pesaroso:
-A Professora disse que quem não entregou o trabalho hoje está chumbado.
Com uma desconfortável sensação de quase pânico acrescento:
-'Tás a gozar, certo?
Ela deixa sair um sorriso do mais puro gozo e responde:
-Estou!

Agora já sei o que os outros sentem... Parabéns à minha cara colega, um desempenho capaz de enganar um mestre na arte.

Oh no! Here comes that screeching sound...again!


Não foi há muito tempo que uma menina de belos caracóis ruivos e feições de donzela me terá dito algo do género: "Outra vez o Zappa! Já não posso com essa merda!". E com muita justiça dizia ela tal coisa, não fosse a dita menina companhia habitual nos meus passeios de carro.

Mas a verdade é que poucos músicos me cativaram tanto como o Frank Zappa. A total ausência de barreiras ou limites musicais, a criatividade desenfreada, a sátira imperdoável e um sentido de humor fenomenal, deixaram-me atordoado. Muitos dirão que é apenas música para malucos, mas de qualquer das formas eu também nunca fui muito equilibrado...

Portanto, caso o incauto leitor alguma vez viaje à pendura no meu humilde bólide, tenha em atenção o conteúdo do leitor de Cd's. Lembre-se, é sempre preferível mudar o CD do que estrangular o condutor num gesto de raiva cega.
Yours truly...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mais um blog!! Mas porquê?!!!

...só pra chatear....afinal de contas não podem ser sempre os outros! É claro que se coloca sempre aquela questão: "Então mui estimado senhor, poderia porventura partilhar connosco a finalidade de tal empreendimento?", ora bem, antes de mais já estou mais que farto de finalidades. Não há aqui finalidades nem utilidades, este espaço será pura e simplesmente uma forma de extravasar aquilo que aborreceria de morte qualquer outro ser humano. Ou seja, ao invés de chatear os outros com merdas que não interessam para nada, dou aqui azo a tudo o que de estúpido e inconsequente me passa pela cabeça. E assim ficamos todos mui contentes...

c'oa breca, o meu intento literário revela-se deveras merdoso....!