Em silêncio, eis que ele contempla o vazio infinito. O seu mordaz entendimento questionando e duvidando da realidade envolvente. Uma constante romaria, um pulsar
anacrónico, um vendaval desprovido de intento - quão estranhos e imperceptíveis tais costumes humanos parecem à luz da sua felina concepção. A curiosidade infantil há muito que abandonou o seu olhar, no seu lugar jaz somente a atenção piedosa do mestre ancião observando um singelo jogo de crianças. Tal é a natureza das ingénuas criaturas em seu redor, insistindo em ansiar, em desejar, em almejar... Talvez seja essa a sua quintenssência, talvez aí resida a sua força motriz; contudo é-lhe difícil evitar o suspiro - que desperdício... Em silêncio ele medita friamente: será talvez melhor assim, a verdade despojada está para lá da simples compreensão de tão modestas criaturas.
Há 6 anos