domingo, 21 de setembro de 2008

O Divino Marquês - Ó Puta!

A respeitável e honrada Sra. de Mistival era conhecida e reputada pela sua exemplar conduta tão consentânea com a sua condição de donzela da alta aristocracia francesa, conduta essa sempre substanciada pelos mais rígidos padrões da doutrina católica. Pois tal não foi sua surpresa quando descobriu que sua querida e casta filha havia caído nas mãos dos libertinos mais odiosos e imorais da sua casta. Em pranto e aflição a mui estimada senhora logo acorreu ao encontro de sua filha Eugénia, apenas para a encontrar entregue a práticas do mais execrável deboche. Eugénia, invadida por luxúria e outras coisas mais, incita o grupo de libertinos contra sua própria progenitora. Abusada e maltratada, a Sra. de Mistival permanece em convalescência até que Dolmancé, o líder dos libertinos, a ela se dirige:

"Está tudo dito. Ó puta, podes tornar-te a vestir e ir-te embora quando quiseres. Fica a saber que estávamos autorizados pelo teu próprio esposo a fazer tudo o que acabámos de fazer. (...) Que este exemplo sirva para te lembrar que a tua filha está em idade de fazer aquilo que quiser; que ela gosta de foder, que nasceu para foder e que, se não queres tu foder, o melhor que tens a fazer é dexá-la foder a ela. Sai; o cavaleiro vai levar-te. Saúda aqui a malta, sua puta! Põe-te de joelhos diante de tua filha e pede-lhe perdão pelo teu abominável comportamento para com ela... Vós, Eugénia, aplicai duas boas bofetadas à senhora vossa mãe e, logo que se encontre na soleira da porta, obrigai-a a ultrapassá-la com uns bons pontapés no cu. Adeus cavaleiro; não vás foder a senhora pelo caminho, lembra-te que está cosida e que tem sífilis. Quanto a nós, meus amigos, vamos para a mesa e, depois, todos quatro para a mesma cama! Que rico dia! Nunca como tão bem, nunca durmo tão sossegado como no dia em que me sujo o bastante naquilo que os parvos chamam crimes."

Donatien Alphonse S., in: La philosophie dans le boudoir, 1795

2 comentários:

Anónimo disse...

Oube lá, axo esses bocadinhos um bocado pó machistas chauvinistas, bamos lá ber se eu não tenho que te bater nexa móina compurscada ó meu animal!

Marovas! disse...

Esta já não é a primeira reacção negativa que obtenho relativamente às tiradas do meu amigo marquês, começo a pensar seriamente em abandoná-las ou então a recorrer às que se apresentem em tom mais sóbrio...vou ter de pensar sobre o assunto. (250 anos depois o Sr. de Sade continua a instigar a polémica...)