terça-feira, 7 de julho de 2009

O Mestre - die Wirklichkeit

"...Lamento, Mestre, mas continuo a não conseguir compreender. Acreditas, porventura que tudo não passa de macabra ilusão?"

"Não irei tão longe, mas direi no entanto que a realidade se coaduna com a sua própria ausência. Entendo-a como uma abstracção infinita, como um cúmulo do simbolismo metafísico."

"E por conseguinte inexistente?"

"Não, antes com infinitas existências. Tão diversas como o número de consciências e tão vastas quanto o permitido pelo tecido espaço-temporal. Portanto, quando dois indíviduos se juntam para discutir o teor do real, está estabelecido um dos mais cómicos oxímoros conhecidos."

"Quer isso dizer que dois seres não podem partilhar uma realidade?"

"Não. Apenas um determinado ponto no continuum espaço-temporal. Uma partilha material e intelectual não abdica de uma concepção diferenciada do Universo por parte de duas entidades separadas. Realidade é o processo ultra-individualista através do qual o ser capta o Mundo exterior a si, utilizando para isso os pontos de contacto que a sua fisionomia e lucidez lhe permitirem."

"Mas afinal de contas para que é que isso interessa? Às vezes fico tão farto de ti!"

"Não vale a pena afectares-te. Habitamos mundos paralelos, lembras-te?"

2 comentários:

Pearl disse...

WTF, man?!? Se essas conversas com o teu gato continuarem teremos que te levar ao médico, sabes...

Tixinha disse...

Perfeito!

Porque é que achas que os ingleses (e seus derivados) inventaram a expressao "Let's agree on disagree"?

Depois hás-de me apresentar o teu gato...

Beijinhos, Tixinha (amiga desta Pérola aqui em cima; não lhe ligues, continua que eu gosto de conversas com gatos)