segunda-feira, 13 de abril de 2009

Into the Shadows

E só porque me apetece, fica aqui o meu actual Top 5 relativamente ao que de melhor, mais competente e mais original se tem feito no estranho mundo do Black Metal. (todos os títulos valem só por si, não havendo qualquer gradação entre eles)

"Cruelty and the Beast"(1998) - Cradle of Filth

Provavelmente o melhor álbum conceptual alguma vez editado dentro do género. O fio condutor são as desventuras da temida Condessa romena Erzebet Bathory, as quais são narradas fazendo uso de um inglês de nível literário. Seja qual for a opinião acerca do vocalista da banda, o Sr. Dani Filth, a verdade é que as suas letras neste trabalho são de uma qualidade e originalidade assombrosas, não há dúvidas de as lições de literatura inglesa foram mais que bem estudadas. Quanto à música, esta é cortesia de uma das melhores formações dos COF, todos os músicos dão um excelente contributo e a banda funciona como um todo na perfeição, criando espaço para todos demonstrarem o seu talento, o que nem sempre é fácil. O resultado de tal entendimento é a quintessência do Black Metal Sinfónico, contas feitas este é o álbum que inúmeras bandas tentaram alcançar ao longo dos anos noventa, contudo tal proeza foi destinada a estes senhores. Nesta obra de arte não existem quaisquer notas supérfluas, nem momentos menores, sendo um álbum que decorre do inicio ao fim sem qualquer ponto fraco. De destacar são as fenomenais texturas musicais, assim como a perfeita fusão entre violência e melodia.


"Puritanical Euphoric Misanthropia" (2001) - Dimmu Borgir

Uma banda que durante anos prometeu muito chega finalmente à ribalta com um álbum que não só elevou o estatuto da banda como trouxe toda uma nova dimensão ao género. Talvez o primeiro álbum realmente bem sucedido de Black Metal Progressivo, o que veio trazer um conjunto de novas possibilidades. Aqui revelam-se alguns dos mais memoráveis contra-tempos e proezas técnicas que o meio já viu, um desafio constante sem relegar a coesão da música para segundo plano. Ao longo de uma hora assistimos a um dedicado trabalho de composição que se demonstra através de complexas estruturas rítmicas e de intrincados e alucinados compassos, uma proeza ao alcance somente de músicos dedicados e bem competentes. Outra novidade foi a inclusão de uma orquestra sinfónica, a qual sem dúvida confere uma nova grandiosidade ao som e ambiente geral do álbum . No rescaldo trata-se de uma produção imensa, tendo certamente consumido muitos dos recursos da banda, mas uma vez que a qualidade do trabalho era realmente digna de tal cuidado, o produto final é um marco para um género que se julgava restrito ao underground.


"Sons of Northern Darkness" (2002) - Immortal

Sendo uma das bandas primordiais do movimento norueguês, os Immortal conseguem com este álbum realizar o incrível feito de conquistar o respeito e admiração tanto do público em geral, como dos puristas do underground. Para tal bastou somente o grande respeito que sempre tiveram relativamente às suas raízes e um compromisso inabalável para com a entidade e originalidade que sempre foram associados à banda. Desde os anos noventa que os Immortal se dedicavam à criação de um som que lhes fosse próprio, e o auge da sua criação releva-se precisamente com este álbum . Se o seu som havia sido sempre original, aqui a banda poderia ter criado um género praticamente novo só por si. Ao longo de oito músicas verdadeiramente épicas, os immortal destacam-se de forma evidente de qualquer outra banda, não apenas no círculo restrito de Black Metal mas em todo o Heavy Metal em geral. A guitarra de Abbath e bateria de Horgh (nomes estranhos, eu sei..) são totalmente distintas, produzindo um som único que facilmente associamos a eles mesmos. As composições da banda comprovam um extraordinário talento musical, contudo a produção é bem terra-a-terra, não havendo lugar para pretensiosismos. A prova viva de que o sucesso pode ser obtido sem qualquer compromisso artístico.


"In Times Before the Light" (2002) - The Kovenant

Na verdade o álbum "In times..." foi originalmente editado em 1997, tratando-se de um trabalho de fraca produção por parte de uma banda ainda em clara evolução. Contudo o Sr. Nagash (líder da formação) sempre considerou o produto final tremendamente injusto devido às constantes e revoltantes dificuldades sentidas pela banda durante a gravação. Assim sendo, em 2002 a banda decidiu dar uma nova hipótese ao seu álbum primogénito. Com esse intuito conseguiram ainda resgatar as gravações das guitarras, bateria e voz, contudo, tudo o resto já havia sido perdido. Nestas condições o Sr. Nagash propôs-se a regravar todos os sintetizadores e partes ambientais, os quais seriam adicionados às velhas músicas depois de uma nova mistura em estúdio. O resultado é no mínimo doentio. Às velhas e cavernosas músicas de um obscuro Black Metal Sinfónico, adicionou-se uma ambiência industrial e progressiva, obtendo-se uma mescla musical enlouquecedora, não sendo passível de qualquer designação ou classificação musical. Aqui a base é evidentemente o Black Metal, mas este é transportado para uma nova e inominável dimensão que não respeita qualquer conceito ou fronteira musical. Um trabalho perturbador...e em tudo genial.


"Now, Diabolical" (2006) - Satyricon

Uma banda que aparenta estar impossibilitada de ter um grupo fiel de fãs, pois para mal dos seus pecados esta recusa-se a editar dois álbuns iguais. A discografia dos Satyricon é uma constante evolução, e o som que produzem actualmente pouco ou nada deve ao som que criaram no inicio de carreira. Tal facto confere à banda um estatuto de renegados que lhes permite abstraírem-se de qualquer entrave à sua criação artística, o que fica bem patente em jóias como "Now, Diabolical". Neste trabalho a banda deixa bem claro que não deve nada a nínguem, e parte em busca de um estilo de composição que é apenas seu. Grande parte do álbum desenrola-se a meio tempo, todavia a ambiência criada é bem mais negra e diabólica do que aquela que muitos puristas do Black Metal conseguiram alguma vez alcançar. As músicas evidenciam algum minimalismo, contudo, os fenomenais pormenores detectados por uma audição atenta revelam um árduo esforço musical. Cada faixa apresenta uma coesão perfeita, não existindo uma única nota forçada ou fora do lugar, e todo o álbum é bem coeso nas sensações que transmite. Exemplar, como sempre, é trabalho de bateria, cortesia de um baterista sobre-humano e tremendamente original. Para finalizar, é imperativo mencionar a produção a cargo da própria banda: simplesmente perfeita.

1 comentário:

xana disse...

Parte essa merda toda caralho!!!