segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

No Limiar Oculto da Demência - Pt. 6

A porta abriu-se de rompante com um estrondo. Lá dentro uma idosa acocorava-se a um canto, demasiado ocupada a sangrar para se dar conta do que quer que fosse. Frente a ela um velho cambaleante e desorientado como um cão com raiva, interrompe a sua deambulação e vira-se incrédulo para a entrada do quarto. Impávido e sereno Carter atira o insignificante velho ao chão com um pontapé no peito. Com uma calma irreal, coloca os seus joelhos sobre os ombros do idoso, imobilizando-o. De seguida ergue o crucifixo com a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo bem sobre a sua cabeça, apenas para o fazer descer repetidamente sobre a cabeça do ser ainda vivo que se encontra por debaixo de si. As primeiras pancadas mais não fazem que partir alguns ossos, à medida que estas continuam o crânio deforma-se a pouco e pouco, ouvindo-se o som de algo forte a rachar; os esforços prosseguem e já se avista massa cerebral a abandonar os ouvidos, cada pancada é acompanhada de um espasmo de sangue e fluído. A simplificação pára quando o crucifixo bate no soalho e a figura do Salvador saí disparada para meio da poça de sangue.
"Mais simples não há! Agora saí da minha cabeça de uma vez por todas!" - bradou Carter com toda força que lhe restava.
Logo de imediato o sangue desata a escorrer em catadupa por todos os orifícios da sua cara, ouve-se um estalo agudo e penetrante quando o crânio subitamente se divide ao meio. Seis garras, que mais parecem patas de um qualquer insecto horripilante, saem gradualmente do topo da cabeça de Carter, alargando a racha para dar lugar a um corpo insectívoro e viscoso. A criatura move-se agora de encontro à triste amostra de ser humano, ainda encolhido no canto do quarto e introduz-se violentamente nas entranhas da pobre idosa:
"A senhora acredita em consciência?"

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